
Com a vinda do famoso Willie G. Davidson muitos amantes novatos da afamada marca centenária acabaram de saber que ainda há Davidsons na Motor Company.
Antes disso sequer sabiam quem ele era, ou talvez conhecessem esse nome por ser um dos modelos de casacos de couro oferecido pela HD e que faz parte da coleção de casacos novos que estão pendurados no armário com pouco uso ou ainda com etiqueta.
Sábado passado estas pessoas conheceram o sujeito em questão, praticamente um ícone que vem ao Brasil visitar simples mortais compradores de suas motocas.
O negócio é que muitos desses novatos o tratam como um grande Deus que com sua vinda ao Brasil trará o milagre da multiplicação e do bom atendimento pós-venda!
Mas afinal, quem é essa bixa louca?
Sem dar maior importância as preferências sexuais do Sr. Willie G. Davidson (eu nunca soube o que a letra G está, de fato, abreviando), Willie é o cara que voltou a fazer da marca, uma marca como ela deve ser, americana, ou pelo menos é o que ele alega!
Diz ele que, quando a AMF lá nos idos dos anos setenta começou a abusar da marca HD e fazer motos escrotas, ele ficou bravinho e junto a seus familiares (e alguns investidores) decidiram recomprar a marca.
Na verdade o que aconteceu é que ele fez um puta bom negócio, vendeu a marca HD para a AMF por merreca, pois a empresa estava falindo, só que a AMF, em poucos anos e muito competentemente, conseguiu piorar a situação e vendeu mais barato ainda de volta pra ele. Enfim... Mas vamos aceitar o lado romântico da coisa.
Não fui, nem tampouco iria se tivesse que fazer algum tipo de esforço pra isso, ao evento de Sampa em que se encontrou o homem da HD, mas fico imaginando o momento que ele apareceu no palco e os 300 HOGs e PHDs, que estavam lá embaixo, gritando e chorando e desmaiando numa algazarra tremenda e num gritaral histérico, “à la” menininhas vendo o “Restart” entrar no palco, assim são os HOGs, que nem sabem quem é esse cara, mas ele tem Davidson no nome, então deve ser foda.
Tem um vizinho aqui na cidade que tem dois filhos, o mais velho chama Harley, e o outro Davidson (o pior é que é sério) E NEM É SOBRENOME! É NOME MESMO!!! Se eles subissem no palco aí sim nego ia ao delírio!!!
Mas afinal, esse Willie G. tem que ser alguma coisa né?
Ele é.
Ele trabalha com design, sempre fez isso, e começou a trabalhar na HD com isso também, a família havia vendido a marca pra a AMF mas ele continuou trabalhando lá (E viva a conveniência!), mas então veio um de seus primeiros trabalhos de design para a Harley Davidson AMF e o resultado foi o seguinte:

Convenhamos, PUTAQUEOSPARIU!!! Só por causa disso pra mim já poderia ser considerado um “Laden” e não um “Davidson”, acho que a tropa americana pegou o terrorista errado! Pensa se essa tendência que ele quis criar tivesse pegado onda? Nem imagino o que seriam das HDs hoje! Aliás, imagino! Seriam V-Rods!!!! Coisa que ele também criou!!! O pior é que ele tem grande orgulho por essa bosta de Dyna esquisita com rabo de CB, tanto que diz ter uma na garagem de sua casa.
Mas não vamos crucificar o cara, ele também fez acontecer alguns modelinhos bem admiráveis, apesar de terem muito design e pouquíssima praticidade (comprovando que ele não é um designer tão competente assim). Também saíram de sua cartola o modelo Springer e por exemplo a Road King, ambas sem muita capacidade prática, mas ambas lindas motocas! Nem tudo que ele fez é um lixo.
O forte dele é mesmo desenhar casacos de couro (começou fazendo cuecas de couro) e é ele quem faz grande parte das roupas da moda que a marca oferece a seus súditos!
Agora, a pergunta é a seguinte, que diferença faria para nós, mortais usuários de Harleys, a vinda de uma bixa velha alfaiate ao Brasil?
Eu posso afirmar.
Nenhuma!
Eles planejam colocar o sistema americano de concessionárias como é lá na terra do Tio Sam, e nós vamos acreditar que com isso o serviço pós-venda estará solucionado!
Por coincidência acabo de chegar dos USA, e posso confirmar uma coisa prezados leitores inocentes: O SERVIÇO PÓS-VENDA NOS STATES É UMA BOSTA!
Tão bom ou pior quanto o do falecido Grupo Izzo.
Tente comprar uma peça numa concessionária lá nos Estados Unidos da América, sei lá, um farol de Dyna, ou um descanso de Softail. Vocês acham que isso é assim fácil? Que você vai chegar na loja, pedir, eles vão te entregar a peça e você vai sair contente e pululante com seu farol debaixo do braço?
Não senhor!
E esse é o motivo porque sei que no Brasil, nem com a vinda do grisalho nem com a vinda de Jesus isso vai melhorar, trata-se de um problema econômico.
Porque alguém, dono de uma loja da Harley, iria querer manter seu dinheiro parado em um estoque de peças de baixo giro que dificilmente alguém irá pedir? Pra que o dono dessa loja quer parar esse dinheiro que poderia ser investido em algo que dá retorno?
Esse é o real motivo que nem nos USA, nem aqui, nem em nenhum lugar, haverá um bom atendimento pós-venda por parte dos concessionados oficiais.
La na terra natal poderiamos até imaginar que pelo menos a parte de serviços mecânicos fosse melhor, já que lá tem Harley como tem CG no Brasil. Mas também não é assim, vejo clientes americanos constantemente reclamando da falta de preparo e profissionalismo dos mecânicos nos Dealers (Concessionárias), tanto que, e vão aprendendo já que provavelmente vai ser bem usado no Brasil também, existe uma abreviatura para definir este problema: FTD ou Fuck the Dealer, ou Foda-se a Concessionária.
Enfim...
Fica aqui este texto pra esse bando de baba-ovo do velho grisalho, que no fundo deve até ser uma boa pessoa (tem cara de bom velhinho) mas que não vai fazer nada por nós, e sim, por ele e sua própria empresa!
Deixo aqui escrito minha previsão do futuro da Harley no Brasil:
NADA VAI MUDAR!
E então todos vão dizer: ONDE ESTÁ WILLIE? E aí quero ver alguém encontrá-lo no meio da multidão insatisfeita.
É isso.
Big Wally de la Frontera
fronterahd@gmail.com